sábado, 25 de setembro de 2010

José de Alencar

José de Alencar (1829-1877), admirador confesso de Macedo, chegou de repente para a fama com O guarani (1857), que está para o romance indianista como “I-Juca Pirama” para a poesia. Ambos são realizações básicas, momentos de felicidade criadora e ao mesmo tempo descoberta de uma receita que faz da obra um bem de consumo, por ser uma mensagem facilmente inteligível. Assim como Gonçalves Dias misturou ritmos e tonalidades, Alencar fundiu vários ingredientes românticos e pré-românticos: a reconstituição histórica e o senso cavalheiresco de Walter Scott, a prosa poética de Chateaubriand, o primitivismo factício e ornamental de Ossian, sua própria visão das velhas crônicas brasileiras.
O guarani foi a solução afortunada do que se pedira antes erradamente à epopéia, e desse ponto de vista é fruto dos fracassos e tateios de Magalhães, Gonçalves Dias e do próprio Alencar, que começara em verso Os filhos de Tupã. Preferindo o indianismo à solução épica tradicional, Alencar mostrou que ela era inviável em pleno século XIX e achou o estilo ao mesmo tempo plástico e musical que preconizava, baseado tanto na prosa quanto no verso, e que depois levaria ao máximo de sugestão em Iracema (1865).
Igualmente feliz foi sua fórmula de realismo romântico, inspirada nos franceses do seu tempo e capaz de apresentar com muito mais densidade do que Macedo os problemas humanos no quadro social, o que fez desde Lucíola (1862) até Encarnação, de publicação póstuma. Por outro lado, fecundou o romance regional destinado à maior voga até os nossos dias (O gaúcho, O sertanejo), tornando-se uma espécie de grande intérprete do país inteiro através da ficção.
Com esses escritores estava de certo modo completo o quadro das invocações e sugestões românticas, que seriam nalguns casos, e sobretudo na poesia, desenvolvidas e mesmo superadas pelos mais moços.


Contexto histrico

Temática Barsa v1.1 - Literatura brasileira - Romantismo
A autonomia finalmente conquistada com a criação de uma linguagem autóctone faz do romantismo o primeiro movimento literário genuinamente nacional, com uma visão de mundo particular e formas peculiares de expressão. A poesia e o romance foram os gêneros mais cultivados. O movimento brasileiro teve quatro tendências distintas: a inicial (1836-1840), de caráter nacionalista e patriótico, em que proliferaram os jornais e revistas de duração efêmera sobretudo em torno do grupo liderado por Gonçalves de Magalhães; a indianista, que predominou na década de 1840, quando surgiu também o romance brasileiro de temática urbana; a do individualismo e subjetivismo dos jovens poetas influenciados pelo “mal do século”, que se desenvolveu a partir de 1853; e a liberal e social, iniciada na década de 1860, marcada pelas idéias abolicionistas e republicanas e pela poesia de Castro Alves, prenunciando a transição para o realismo.
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